domingo, 11 de setembro de 2011

As 7 notas sagradas dos líderes rock and roll

O que o rock, o movimento “beat" de Jack Kerouac, pode nos emprestar ou tem a nos dizer sobre a liderança, a gestão e a vida? O que é o sentido da vibração, da batida, do espírito da banda, do aprender ao longo do caminho, do potencial criativo em quatro acordes reunidos das mesmas sete notas musicais, sempre as mesmas, mas que oferecem resultados criadores distintos e geniais? Isso é vida? É assim que a vida é? Temos os mesmos materiais ou imateriais básicos no universo e tudo depende da alquimia da sua mistura, dessas coisas que não mudam por serem mutantes, mas que a tudo mudam ao serem organizadas de uma forma imprevisível até aquele instante?

As sete notas musicais nos oferecem o Dó. Isso nos exige o poder de doação. Viver não é uma capacidade importadora, é um talento de tônus exportador. Um dom de doar. Dois dós. Extraímos do nosso instrumento corporal um extrato musical que oferece ao meio mais do que retiramos dele. A conta é sustentável. Líderes rock and roll doam muito mais do que recebem.

Em seguida temos o Ré. Nessa deliciosa nota, fazemos as recombinações. Os talentos superados e criados exigem recombinar. Fazer misturas não feitas nem tentadas antes, mas que ao serem feitas apresentam uma nova síntese e um novo começo. Recombinar é o poder retroalimentar, de interação do externo com o interno, e a mudança como uma constante do sempre.

O Mi poderia falar de mim, mas ao contrário é a miscigenação. O híbrido. A boa e sagrada mistura que permite o jazz, o rock, a bossa nova, a tropicália, o reggae, o funk e o samba que se renova a cada ano no poder da bateria da escola. O Mi obriga a liderança rock and roll na compreensão da diversidade, dos distintos e dos diferentes. Por isso ninguém ainda entendeu um “Creedence Clearwater Revival!”. O que era aquilo? Cajun music, country, rock, folk, aquela bateria, a voz do Fogerty! Que miscigenação. O puro não presta, o impuro sim, o delicioso vira-lata.

Quando fazemos, estamos no Fá. Rock se faz fazendo, liderança e superação se realizam ao fazer. A nova pedagogia ludocriativa nos insere pelo fazer, depois sentir e por último pensar. Não é mais pensando, é fazendo. Quem fica em preparação perpétua não faz, não vai adiante, não aprende.

Sol é o rei do sistema solar. Quando a nota Sol está no seu momento, isso nos chama ao “solo”. Qual é a contribuição particular e individual que você, somente você, pode oferecer ao mundo que o cerca? A hora do solo é você consigo mesmo. O seu melhor colocado para fora e sob as luzes dos spotlights.

O Lá exige o saber largar. Saber sair. Líder bom é aquele que sabe sair. Como na música e no rock, quando paramos de tocar para que o todo ganhe, o momento, a pausa, em que o silêncio é música. Para superar na vida, precisamos saber largar velhos personagens para viver e criar novos.

E, por último, mas não menos importante, o Si. Significa a consciência de que nada pode ser superior ao conjunto, à orquestra. Rock não se faz sozinho, é coisa de banda, de time, de grupo, de equipe. Dos holders aos fãs apaixonados que nos levam de bar em bar, e de internet em net, e dos técnicos, do pessoal de som, dos que criam instrumentos. Música e rock são coletivos.

A sinergia é a alma de uma banda. Paul sem John nunca foi a mesma coisa e vice-versa. Roberto sem Erasmo também, Ney sem Secos e Molhados, que saudade! Bono sem U2 ou Rita sem os Mutantes ou mesmo do parceiro Roberto Carvalho e assim por diante.

Ah, mas e os “solos stars” como Dylan, Elvis e Cocker? Quanta gente anônima, ou não, os empurra e os mantêm no topo. Inimaginável! Também não podemos esquecer que, por trás dos Mozarts da vida, os gênios, existe muito mais instrução, educação, disciplina e formação do que relatam suas vãs biografias.

O líder “rock and roll” é o único que vai acompanhar a nova geração dos “teenNETagers”: as crianças globalizadas que vão mudar o mundo nos próximos 20 anos.

Autor: José Luiz Tejon é palestrante parceiro da Keynote Speakers, escritor e administrador com especialização em marketing pela Pace University, Harvard e MIT, nos Estados Unidos. Professor de pós-graduação na FGV e gestor de pós-graduação na ESPM de São Paulo, é especialista em liderança pelo Instituto Insead, na França.
Fonte: E-zine www.lideraonline.com.br

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