Fátima Motta, professora da ESPM, explica como vencer preconceitos ligados a idade e alerta para modelos mentais que nos aprisionam a conceitos e valores autolimitantes, como o de pensar que o jovem não tem nada a ensinar. Confira.
Inicio o artigo com um fato que retrata minha carreira na área educacional, quando ministrava aulas de pós-graduação, com menos de 30 anos e era mais jovem que a maioria dos alunos.
Certa vez um aluno expressou sua decepção de ter uma professora mais nova (eu), que não era “uma mestra”, segundo seu modelo mental e questionava se alguém mais jovem poderia ensinar-lhe algo? Interessante é que esse estudante finalizou o curso afirmando que jamais tinha aprendido tanto.
O diferente assusta e temos modelos que nos aprisionam a conceitos e valores autolimitantes. O que é um jovem? Alguém desprovido de experiência, seriedade e profundidade ou alguém mais plugado em tecnologia? E o experiente? É alguém que pode ensinar, influenciar e direcionar? Há diferença?
Em função dessas e outras crenças, encontro profissionais que levantam questões de como liderar pessoas maduras e aceitar ser liderado por jovens, em setores como comunicação, propaganda e marketing, onde este público é frequente.
Proponho questionar o que se pensa em relação à idade, do jovem ou do mais experiente, como primeiro passo. E de se ter predisposição para aprender, sendo líder ou liderado, cada um permanecendo no lugar que lhe cabe, assumindo seu papel, independente da idade.
É fundamental que o liderado reconheça o líder como direcionador, influenciador e referência. Por outro lado, o líder precisa reconhecer suas próprias competências e experiências, assumindo a responsabilidade de orientador e gestor com responsabilidade, flexibilidade e humildade, fatores-chave para que líder e liderado entendam que “necessitam um do outro” para alcançar resultados.
Sendo flexíveis e humildes podem ensinar e aprender, vantagem que a diferença traz. Os mais jovens imprimem dinamismo, habilidades tecnológicas, a conexão, e os mais experientes colaboram com o conhecimento mais profundo da empresa, negócio, estratégia, entre tantas trocas que ocorrem no ambiente corporativo.
Valendo-me de minha experiência como docente da ESPM, agora me percebo mais próxima àquela “senhora”, tanto valorizada pelo aluno mais velho que tive. Hoje, tenho certeza que não é mais esse o desejo dos alunos.
Pelo contrário, temem ser conduzidos por pessoas que não entendam suas capacidades em realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, que teimem em conduzir as aulas de forma unilateral, ausentes de participação, interação, vivências e feedback e os deixem passar ou não, sem justificativas plausíveis. Esse medo repete-se na empresa, quando o profissional mais velho é direcionado por um mais jovem.
Por outro lado, quando os jovens são estimulados e desafiados, participam e contribuem com reconhecimento e direcionamento para adquirir calma, foco e desenvolvimento.
É com grande orgulho que aprendo com eles a ser flexível, compreendendo o significado do “me twitta” e a felicidade de conhecer pessoas que me tiram da zona de conforto e me lançam ao novo, desconhecendo barreiras de idade e diferenças.
Fonte: Portal HSM - Fátima Motta (Professora na Pós Graduação e dos cursos de férias Liderança com foco em resultados, Líder Coach e Como desenvolver equipes de alta performance da ESPM).
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