terça-feira, 15 de novembro de 2011

Uma pequena fábula sobre como empreendedores percebem oportunidades

A história do americano Jim Poss pode ser um exemplo de como nascem as boas ideias. Residente de Boston, ele chamou a atenção de estudiosos de uma universidade situada na sua cidade, nada mais nada menos que a prestigiosa Harvard University. Poss é o fundador da BigBelly Solar, uma empresa que faturou US$ 4 milhões produzindo compactadores de lixo movidos a energia solar. A tecnologia bombou - ele já vendeu seu produto a empresas e cidades de 30 estados americanos e 17 países. Agora Poss está colhendo os frutos de sua inovação e figura entre os empreendedores sociais mais proeminentes dos Estados Unidos. Mais que seu sucesso, porém, o que ele gosta de celebrar é a trajetória percorrida entre a concepção da ideia e a transformação em um produto.


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Em um dia de 2003, Poss andava pelas ruas de Boston quando notou um caminhão de lixo bloqueando o tráfego. Espalhando detritos pelo chão e soltando fumaça como um fumante de charuto, o veículo não era um exemplo de eficiência e sustentabilidade ambiental. Intrigado com o que vira, Poss estudou melhor o problema. Descobriu que os caminhões de lixo consumiam mais de 3,5 bilhões de litros de diesel por ano nos EUA. Pior ainda, só rodavam cinco quilômetros com um galão de combustível, o equivalente a 3,7 litros. Na época, havia um debate entre os municípios sobre a viabilidade de adquirir veículos mais eficientes e traçar rotas de coleta mais inteligentes.

Não era a melhor opção, na visão de Poss. Mais viável e barato que organizar um processo de coleta mais eficiente, por que não reduzir a frequência das viagens? Se as lixeiras comportassem mais lixo, não precisariam ser esvaziadas tão constantemente. Se o lixo não precisasse ser coletado tão frequentemente, os custos e a poluição seriam reduzidos. E, se as lixeiras não transbordassem, não haveria muitos detritos nas ruas.

Ele levou a discussão para um grupo de amigos interessados em causas sociais. O debate engrossou e choveram sugestões. As ideias, somadas à experiência prévia de Poss com tecnologias solares, resultaram na criação da lixeira com compactador, capaz de armazenar cinco vezes mais lixo que as convencionais. Com a invenção, a frequência das coletas caiu, e os custos e as emissões diminuíram cerca de 80%.

Jim Poss usou três práticas comuns a empreendedores de sucesso, afirmam os estudiosos H. James Wilson, Danna Greenberg, and Kate McKone-Sweet. Eles estudaram 1.500 empresas, atrás de padrões para identificar o nascimento de boas ideias. Confira abaixo as descobertas.

Contar com conhecimento próprio e social. Empreendedores criam oportunidades dentro do contexto de quem são, do que sabem e de quem conhecem. Poss começou com um problema percebido por ele em sua vida cotidiana. Ele aplicou seus conhecimentos prévios e conectou as ideias com seus pares. É uma trajetória de inovação consagrada.

Usar cognição ambidestra. O que os pesquisadores querem dizer é que Poss foi capaz de oscilar entre a previsão e a criação no que diz respeito a seus pensamentos e ações. A previsão é baseada na análise usando informações disponíveis, que funciona melhor em condições com baixos níveis de incerteza. Já a criação se refere ao esforço para gerar informações que não existem ou não estão acessíveis. Poss usou a previsão quando analisou as informações financeiras e operacionais sobre o consumo de combustível pelos caminhões. Quando as informações não estavam disponíveis, ele as criou por meio de conversas e protótipos.

Em um esforço consciente, uma dessas maneiras de pensar pode ser usada para informar e ampliar a outra, com abordagens complementares. Ao intercalar previsão e criação, os empreendedores são capazes de criar mais valor do que usando apenas uma das formas de pensar.

Considerar simultaneamente valores sociais, ambientais e econômicos. Essa visão holística é capaz de analisar todo o escopo de impactos que os empreendedores precisam levar em consideração. Poss foi capaz de considerar, simultaneamente, os benefícios para os clientes (redução de custos para os municípios) e o impacto ambiental (menos emissões de poluentes) sem desprezar a busca pelo lucro ou privilegiar um aspecto mais que o outro.

Fonte: Papo Empreendedor.

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