sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Crítica

Convidada a fazer uma preleção sobre a crítica, a conferencista compareceu ante o auditório superlotado, carregando pequeno fardo.

Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra de água de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca.
Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas. Logo após, apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e enfileirou-os com graça. Em seguida, colocou sobre a mesa um exemplar do Novo Testamento em capa dourada.

Depois, diante do assombro de todos, depositou em meio aos demais objetos uma pequenina lagartixa, num frasco de vidro. Só então se dirigiu ao público perguntando:

O que é que os senhores estão vendo?

E a assembléia respondeu, em vozes discordantes:

Um bicho!
Um lagarto horrível.
Uma larva!
Um pequeno monstro!

Esgotados breves momentos de expectativa, a expositora considerou:

Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Os senhores não enxergaram o forro de seda alva, que recobre a mesa. Não viram as flores, nem sentiram o seu perfume. Não perceberam as pérolas, nem as outras preciosidades. Não atentaram para o Novo Testamento, nem para a luz faiscante que acendi no início. Mas não passou despercebida, aos olhos da maioria, a diminuta lagartixa.

E, sorridente, concluiu sua exposição esclarecendo:

Nada mais tenho a dizer.

(Autor desconhecido)

Quantas vezes não nos temos feito cegos para as coisas e situações valorosas da vida. Por que será que na maioria das vezes temos esta atitude diante dos fatos?

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