Quando você, em uma cidade do interior e em um sábado à noite, passa em frente a um bar que abriu há poucos meses e nota que esse bar está fechado, alguma coisa deve estar errada. Hoje a ideia do empreendedorismo está tomando outros patamares em meio à sociedade: cada vez mais os micro e pequenos negócios reafirmam seu lugar como geradores de emprego, mantenedores de economia forte e fontes de inovação.
Entretanto, é preciso mais que um CNPJ na mão para poder alegar ser um empreendedor. Abrir uma empresa, simplesmente, não basta, como explica Enio Pinto, diretor global de programas e parcerias da Babson College, na entrevista “Empreendedorismo é mais do que abrir uma empresa”, realizada pelo colega Ricardo F. Santos. “Quem vê, pensa que é fácil”, disse-me certa vez o dono de uma pequena padaria.
Foi exatamente o problema desse bar do qual estava falando. E o local era bacana: mesas de pedra rodeadas por confortáveis cadeiras de vime, espaço ao ar livre ou interno, muitas vezes ambientado com som ao vivo de um grupo de jazz e bebidas a um preço totalmente aceitável. Isso sem falar no maravilhoso bolinho de mandioca com provolone que o próprio dono fazia.
Funcionaria muito bem, não fossem alguns pequenos equívocos. O bar foi aberto, quase que literalmente, “pela metade”. O empresário inaugurou antes do prazo estipulado; pouco mais de um mês antes do programado. Nesse caso, o ditado da pressa ser inimiga da perfeição fez-se valer. Grande parte do espaço reservado para o empreendimento nem estava pronto; ficava escondido atrás de uma portinhola, logrado em meio à penumbra. A equipe era praticamente inexistente: o dono fazia, absolutamente, tudo. Desde o serviço da cozinha até o atendimento no caixa, e qualquer outra coisa que possa existir entre esses ofícios. E ainda aquele bolinho maravilhoso de mandioca com provolone que disse ali em cima.
Além disso, quase não existiu divulgação. Eu mesmo só conheci o local porque um amigo músico foi escalado para tocar certa noite lá. Gostei, mas um cliente não sustenta todo um negócio. E no interior ou fora dele, se um empreendedor não tenta fazer o seu negócio visível, conhecido, então está, quase que certamente, fadado ao fracasso. Imagine um local que, já com alguns meses funcionando e numa localização razoavelmente privilegiada, permanece desconhecido de grande parte das pessoas que usufruem da vida noturna local. Em não poucas vezes, frequentadores de outro bar a meros dois quarteirões de distância. Mesmo quando grupos musicais iam até lá para tocar, não havia divulgação. O resultado de uma administração preguiçosa foi simples: a falência.
É verdade que muitos tipos de empreendimento, ainda mais os de entretenimento e alimentação, são sazonais e, dependendo de onde se abre um negócio um pouco diferente, sobreviver é complicado. Todavia a verdade é que, com ou sem sazonalidade, um bom gestor sabe administrar os altos e baixos e fazer seu negócio ser duradouro. Isso é fruto não necessariamente de uma experiência anterior, embora isso seja um diferencial, mas sim de esmero ao montar um negócio, planejamento e o desenvolvimento de metas. É preciso suar. Levantar as portas da garagem e vender limonada é uma coisa; ser um empresário bem sucedido já é outra história.
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